Município de São Vendelino-RS
Selo Portal Transparente

Relógio do Corpo - Plantas Medicinais

Tansagem

Plantago major L.

Plantagem, sete-nervos, tançagem, tanchagem, tanchagem-maior, tanchagem-média, tanchás, tansagem, tranchagem, transagem.

Características gerais: pequena erva bienal ou perene, ereta, acaule, de 20-30 cm de altura, nativa da Europa e naturalizada em todo o sul do Brasil. Folhas dispostas em roseta basal, com pecíolo longo e lâmina membranácea com nervuras bem destacadas, de 15-25 cm de comprimento. Flores muito pequenas, dispostas em inflorescências espigas eretas sobre haste floral de 20-30 cm de comprimento. Estas transformam-se em frutos (sementes) que são facilmente colhidas raspando-se entre os dedos toda a inflorescência. Multiplica-se apenas por sementes. A espécie Plantago lanceolata L. e Plantago australis Lam., são também utilizada na medicina popular no Brasil.

Usos: cresce espontaneamente em terrenos baldios e lavouras perenes (pomares) do sul do Brasil, onde é considerada a planta daninha. É, contudo, na medicina caseira que é mais conhecida, cujo uso originou-se na Idade Média na Europa. No Brasil é considerada diurética, antidiarreica, expectorante, hemostática1 e cicatrizante, sendo empregadas contra infecções das vias respiratórias superiores, bronquite crônica e como auxiliar no tratamento de úlceras pépticas. Os indígenas das Guianas usam o decocto2 de suas flores em mistura com Chenopodium ambrosioides, a conhecida “erva-da-santa-maria” do Sul, ou mestruço do Nordeste, para tratar problemas menstruais. São também empregadas nesse país, tanto as flores como as sementes contra conjuntivite e irritação oculares devidas a traumatismo. A literatura etnofarmacólogica recomenda tomar, em jejum, o chá de suas sementes, preparado adicionando-se água fervente em um copo contendo 1 colher (sopa) de sementes e deixadas em maceração durante a noite, como laxante e depurativo. Contra afecções da pele (acne e espinhas) faz-se aplicação localizada sobre a área afetada, com chumaço de algodão embebido em seu chá, preparado com 2 colheres (sopa) de folhas picadas em 1 copo de água em fervura durante 15 minutos, adicionando de 1 colher (sopa) de mel. Recomenda-se ainda a cataplasma de suas folhas amassadas em pilão em mistura com glicerina e espalhadas sobre gaze, aplicada sobre feridas, queimaduras e picadas de insetos. Contra amigdalite, faringite, gengivite, estomatite, tranqueíte e como desintoxicante das vias respiratórias de fumantes, é indicado fazer gargarejo do seu chá, 2-3 vezes ao dia, preparado adicionando-se água fervente a 1 xícara (chá) contendo 2 colheres (sopa) de folhas picadas. Nos países do Caribe esta planta é usada, também, no tratamento caseiro da hipertensão e de inflamação. Na sua composição estão presentes flavonoides, esteroides, mucilagens, taninos, saponinas, ácido orgânico e alcaloides. Um estudo sobre as quantidades de proteínas, açucares, vitaminas e minerais classifica suas folhas como alimentícios e, considerado a falta de toxidade de doses de até 25 g da planta por litro de água, recomenda seu uso como medicação anti-hipertensiva e contra inflamações. O amplo emprego desta planta nas práticas caseiras da medicina popular e seus diversos estudos químicos e farmacológicos preliminares, constituem-se em motivo suficiente para sua escolha como tema de tese envolvendo estudos químicos, farmacológicos e clínicos que venham consolidar sua avaliação como um medicamento eficaz.

Glossário de termos médicos botânicos

1 Hemostática – agente capaz de estancar hemorragias; o mesmo que anti-hemorrágico.

2 Decocto - extrato aquoso obtido pela fervura da matéria vegetal em água. O mesmo que cozimento.

Fonte: Plantas medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas. Harri Lorenzi & Francisco José de Abreu Matos. 2ª edição. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.