Município de São Vendelino-RS
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Relógio do Corpo - Plantas Medicinais

Boldo

Plectranthus barbatus Andrews

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Características gerais: planta herbácea ou subarbustiva, aromática, perene, ereta quando jovem e decumbente após 1-2 anos, pouco ramificada, de até 1,5 de altura. Folhas opostas, simples, ovalada de bordos denteados, pilosas, medindo 5 a 8 cm de comprimento e de sabor muito amargo, flexíveis mesmo quando secas, sendo mais espessas e suculentas quando frescas. Flores azuis, dispostas em inflorescências racemosas apicais. É originária da Índia, trazida para o Brasil provavelmente no período colonial.

Usos: informações etnofarmacológicas incluem o uso das folhas desta planta em todos os Estados do Brasil como medicação afamada para o tratamento dos males do fígado e de problemas da digestão. Sua análise fitoquímica registra a presença de 0,1 - 0,3% de óleo essencial rico em guaieno e fenchona, substâncias responsáveis pelo seu aroma e, alguns constituintes fixos de natureza terpênica como a barbatusina e outros compostos. O ensaio farmacológico do extrato aquoso de suas folhas mostrou ação hipossecretora gástrica, diminuindo não só o volume do suco gástrico como sua acidez. Embora o uso popular dessa planta possa ser justificado pela comprovação experimental da atividade hipossecretora gástrica, ainda não se conhecem seus princípios ativos responsáveis por esta ação e nem foi identificada a substância responsável pelo sabor amargo tão característico das folhas, mas, surpreendentemente ausentes nos ramos, mesmo quando herbáceos. Os resultados de sua análise fitoquímica registram a presença de barbatusina, ciclobarbatusina, cariocal, além da triterpenoides e esteroides. Pode, portanto, ser usada no tratamento para controle de gastrite, na dispepsia, azia, mal-estar gástrico (estômago embrulhado), ressaca e como amargo estimulante da digestão e do apetite. Usa-se o chá ou o extrato aquoso feito de preferência com a folha fresca. O chá é do tipo abafado (infuso), feito com 3 ou 4 folhas com água fervente em quantidade bastante para uma xícara das médias. Toma-se uma a três xícaras de chá, adoçado ou não, opcionalmente. Esta planta aparece como o malvariço (Plectranthus amboinicus) que tem propriedades bem diferentes, mas pode ser facilmente reconhecida pelo seu sabor amargo, ausentes nos talos, cheiro diferente do malvariço e por possuir folhas macias e dobráveis. O nome popular “boldo” é aplicado também a outras plantas. O verdadeiro boldo (Peumus boldus Molina) é uma árvoreta do Chile cujas folhas secas e quebradiças com cheiro de mestruço (Chenopodium ambrosioides L.) são encontradas no comércio, porém não cultivadas no Brasil. Há ainda é um falso boldo ou boldo-grande (Plectranthus grandis), muito parecido como P. barbatus do qual difere por ter os talos tão amargos quanto as folhas, e o bolbo-gambá - Plectranthus ornatos Codd. Outra planta usado como boldo é a Vernonia condensata da família Asteraceae, conhecida também por alumã ou macelão e tratada em outro capítulo deste livro.

Fonte: Plantas medicinais no Brasil: Nativas e Exóticas. Harri Lorenzi & Francisco José de Abreu Matos. 2ª edição. Nova Odessa, SP: Instituto Plantarum, 2008.